terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Liberdade de expressão e o Islã

Em nada é ambíguo defender a plena liberdade de expressão, incluída aí a sátira, e a responsabilidade que o exercício dessa liberdade gera. Desde o atentado terrorista islâmico ao jornal francês “Charlie Hebdo” na primeira semana do ano novo, os muitos comentários nas redes sociais vão de opiniões superficiais, que demonstram o desconhecimento público do que é estar na mira de radicais islâmicos, até opiniões que, nas entrelinhas, consideram direito dos “ofendidos” reagir com tamanha violência. Como o próprio nome diz, terrorismo é uma tática de intimidação através do terror para submeter indivíduos, comunidades ou até mesmo governos ao que os terroristas consideram correto. No caso do semanário alvo, o objetivo foi afirmar a todos os que ousam falar mal do que eles consideram sagrado, que tais pessoas responderão com a própria vida, portanto, calem-se ou serão mortos. O islamismo radical é simples assim. Eles só evoluem nas armas letais utilizadas, a mentalidade é a mesma de séculos atrás. A resposta ao terrorismo só pode ser uma posição firme em favor da liberdade de expressão e uma cobrança severa para que o Estado não se dobre ao capricho de grupos extremistas. Nos países democráticos, não dá para fazer concessões quanto ao direito do jornalista se expressar. O profissional e o veículo em que atua têm total liberdade e, caso alguém se sinta ofendido, também tem total liberdade de questionar na Justiça. Isso é liberdade com responsabilidade. Eu posso dizer, por exemplo, que fulano de tal é mentiroso, mas fulano de tal pode me processar civil e criminalmente. É direito dele. Se eu afirmei que ele é mentiroso, eu tenho de provar isso em juízo, se não provar, posso ir para a cadeia e também pagar indenização (o que normalmente é arcado pelo veículo de comunicação, já que ele também assumiu o risco, ao deixar publicar a informação.) É assim que deve ser. No caso de uma charge, _ e o pessoal do “Charlie” realmente ofendia o Islã, bem como o cristianismo e outras religiões _ o sistema tem de funcionar da mesma forma. Se alguém se sentiu ofendido, deve procurar a Justiça, explicar a situação e demonstrar o quanto aquilo foi ofensivo, desrespeitou o sentimento religioso, etc., e pedir indenização que considerar justa e punitiva. Alguns jornalistas consideram que o direito de se questionar judicialmente uma reportagem ou charge inibe a liberdade de expressão, mas considero totalmente legítimo, pois todo direito deve corresponder a um dever, caso contrário não haverá limites, e uma sociedade sem limites certamente se tornará caótica. Agora, o que ocorreu em Paris, nem de longe, pode ter alguma justificativa. “Pena de morte”, num país ocidental e democrático, é desproporcionalmente muitíssimo mais grave do que as sátiras feitas contra o islã e seu profeta. O único fator positivo (se podemos afirmar que há algo positivo numa tragédia desse porte), é que ficou exposto ao mundo o que milhares de franceses e judeus já vem sofrendo sistematicamente desde que o governo francês se abriu tão simpaticamente à formação de uma comunidade islâmica autônoma dentro da França. A grande mídia não informava que nos bairros muçulmanos de Paris, já prevalece há algum tempo, a lei islâmica: a sharia. Uma lei tão cruel, rígida e arcaica, que prevê amputação de mão para quem é pego furtando, mesmo que seja uma criança, morte para mulheres supostamente adúlteras, espancamento de mulheres que não usam véu em público e uma série de outras retaliações para quem não é muçulmano e arrisca andar em área sob domínio islâmico. Pessoas desavisadas que por acaso passavam por bairros muçulmanos de Paris sem utilizar roupas apropriadas foram expulsas a pauladas, pedradas, chutes e murros. E a polícia francesa nem entrava nesses bairros, onde radicais islâmicos fazem às vezes de policiais e carrascos. O atentado ousado a um órgão de imprensa do mundo ocidental, também expôs a perseguição sistemática por parte de grupos radicais islâmicos a cristãos em países de maioria muçulmana no mundo árabe, norte da África e leste europeu. Nestes países, os cristãos são expulsos de suas casas, tem seus templos incendiados, perdem emprego, muitos são presos durante anos e alguns condenados a morte (a lei sharia prevê até pena de morte para um muçulmano que abandona o islamismo, ou para qualquer pessoa que prega outra religião a um muçulmano). Muitas jovens são raptadas, estupradas, e obrigadas a se casarem com terroristas, mas por serem cristãs, são tratadas como escravas. E as atrocidades incluem ainda torturas e assassinatos. O governo australiano é o único até hoje, no mundo inteiro, que se posicionou firmemente quando os muçulmanos passaram a reivindicar, de forma violenta, direitos na Austrália _ o que, aliás já vem ocorrendo há anos na França e outras nações. O governo australiano avisou que eles eram bem-vindos ao país enquanto conseguissem conviver com uma cultura diferente da deles sem quererem estabelecer sua própria lei (a sharia). Como imigrantes poderiam viver tranquilamente, respeitando as leis da Austrália, mas se isso não os satisfazia, poderiam utilizar o grande direito de liberdade democrática, que é ir embora do país. O posicionamento firme do governo australiano acabou com os tumultos gerados no país por grupos radicais muçulmanos. Seria bom se o governo francês e de outros países ocidentais como Espanha, Alemanha, Suécia, Suíça e Holanda, que já estão começando a sentir a pressão do radicalismo islâmico através de distúrbios, despertassem como a Austrália. Na verdade, o islã não é apenas uma religião, é um modo de vida, como o nosso, ocidental, só que totalmente oposto. Liberdade de expressão é só um dos itens inaceitáveis para os radicais muçulmanos. O islã é um sistema social, econômico, político e militar que impõe a lei sharia, um sistema jurídico totalmente cruel e contrário à democracia. Bom senso é algo inexistente para os radicais, assim como diálogo e cooperação, e o objetivo deles é tornar o mundo totalmente muçulmano até final do século. Oxalá o triste episódio na sede do “Charlie” seja tomado como uma lição, para que a França, berço do ideal de “igualdade, fraternidade e liberdade”, não se torne uma nação islâmica. (Texto publicado no jornal O Popular - Goiânia-GO, em 26/01/2015) Waldineia Ladislau é jornalista e estudiosa de religiões

No response to “Liberdade de expressão e o Islã”

Leave a reply

 
© 2009 Waldineia Ladislau-jornalista. All Rights Reserved | Powered by Blogger
Design by psdvibe | Bloggerized By LawnyDesignz Distribuído por Templates